La Masacre de Carandiru, en 2 de octubre de 1992 en la ciudad de San Pablo, ha sido la mayor tragedia del sistema carcelario brasileño, en la que 111 reclusos fueron asesinados en la penitenciaria más grande de América Latina. Para que este trágico hecho no se borre de la memoria colectiva, múltiples narraciones periodísticas, poéticas y literarias se han publicado con miras a mantener vivo ese recuerdo. En este artículo, utilizaré la extensa nota periodística de UOL en el 25 aniversario de la masacre y las obras homónimas Diário de um detento: una, canción del grupo de rap Racionais MC's (1997) y la otra, la novela testimonial carcelaria de Jocenir (2001), expresidiario en Carandiru. En el campo teórico, recurriré al análisis del discurso de Foucault, a través de los conceptos de "nombre propio" y "función-autor", con el fin de analizar las disputas entre narrativas mediáticas y estatales hegemónicas frente a las narrativas contrahistóricas del rap nacional y la literatura marginal brasileña. Aquí argumento que la narrativa periodística produce un discurso en el que la Masacre de Carandiru es un evento único y los responsables se constituyen a partir de un atributo de excepcionalidad, encubriendo el carácter sistémico de la violencia estatal brasileña. Las obras de Racionais MC's y Jocenir, fundadas en un discurso antiestatal, desmitifican la excepcionalidad de la masacre y exponen el carácter normalizado y normativo de la política de exterminio de las poblaciones pobres, periféricas y negras, dentro y fuera del sistema penintenciario.
The Carandiru massacre was the most significant tragedy in the Brazilian penitentiary system. One hundred eleven inmates were murdered in the largest penitentiary in Latin America. In this paper, I explore a report about the 25th anniversary of the massacre, besides articles in The Wall Street Journal, Folha de S. Paulo, Portal G1 e O Globo, and compare it with “Diário de um detento”, a rap song by the Racionais MC's, and an autobiographical novel by Jocenir, a former Carandiru's prisoner. These narratives are examined in the Foucauldian discursive analysis, analyzing the dispute between journalistic and state hegemonic narratives in opposition to the hip hop and "marginal" literature counter-historic narratives. I argue that the mainstream media produces a discourse where the Carandiru massacre is a singular and individual event, covering the systemic character of Brazilian state violence. On the other hand, Racionais MC's and Jocenir's respective pieces demystify the unique aspect of the massacre. They are unveiling the naturalized features of marginalized populations' mass extermination politics within and outside the penitentiary system.
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